A seguir, o Manifesto Espanhol
referente ao ¡Oye!,
manifesto
elaborado por uma comissão de
colegas da USP, PUC e UFSCAR, assinado por vários
hispanistas foi divulgado via e-mail intitulado de várias
maneiras, dentre elas:
-
Manifesto sobre o "¡Oye!"
- Curso
de formação de professores de espanhol -
convênio Cervantes/Santander
---------- Forwarded
message ----------
From: "manifestoespanhol"
<manifestoespanhol@uol.com.br>
Date: Mon, 25 Sep 2006 21:54:13 -0300
Subject: VAMOS DISPARAR O MANIFESTO PARA NOSSAS LISTAS
Cara(o)
colega hispanista:
Segue
abaixo um manifesto
em defesa da qualidade na
implantação do Espanhol na rede
pública do Estado
de São Paulo. Se você quiser assiná-lo,
envie uma
mensagem com seus dados (nome completo, RG,
instituição a
que está vinculado e situação
acadêmica) para manifestoespanhol@uol.com.br
Peço
que repasse também este recado
a todos os hispanistas (professores de Espanhol de qualquer modalidade
ou nível) de sua lista para que eles também
possam aderir
e repassar o recado a outros.
Peço
desculpas se, com isto, você
recebe mais de uma vez este recado, já que seremos muitos os
que
o enviaremos aos nossos conhecidos e amigos hispanistas. Mas trata-se
de uma luta em defesa da qualidade da escola pública
paulista e brasileira.
Manifesto
pela qualidade na implantação do ensino do
espanhol na Rede
Pública do Estado de São Paulo
A
SEESP
(Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo), em parceria com o Banco
Santander/Portal
Universia e com o Instituto Cervantes, está implantando um
projeto conjunto para capacitar professores vinculados à
rede estadual de ensino para ministrarem aulas de espanhol,
independentemente de sua área de
atuação, desde
que possuam uma licenciatura, qualquer que ela seja. Tal projeto,
denominado OYE, ESPANHOL PARA PROFESSORES, supõe a
realização
de um curso inteiramente à distância, com uma
carga
horária totalde 600 horas, que inclui a
“aprendizagem” da língua estrangeira,
sem maior
reflexão, e tópicos relacionados à
metodologia.
O
projeto,
idealizado para
“capacitar” 45000 “professores de
espanhol” em
dois anos, teria início já em outubro deste ano e
atingiria, nesta primeira fase, 2.000 professores da rede. As
justificativas para sua implantação relacionam-se
às necessidades criadas pela lei nº 11.161, que
dispõe sobre
aobrigatoriedade da oferta do espanhol nas escolas de Ensino
Médio e, eventualmente, no Ensino Fundamental, de
5ª a
8ª séries.
Segundo
se lê no portal da SEESP (http://www.educacao.sp.gov.br/base.asp[1]),
assim como em versões anteriores do projeto às
quais
tivemos acesso por via
eletrônica e por cópia em papel, essa
especialização seria
“certificada” por
instituições de ensino superior, às
quais caberia
apenas a função de intermediar o processo
mediante a
indicação de tutores e monitores. Com esse
projeto, o
estado delega a duas instituições estrangeiras
(um banco
e um órgão governamental espanhol de
difusão da
língua espanhola) a função
estratégica de
formar professores para atuarem no Ensino Médio, o qual,
segundo
os ParâmetrosCurriculares do Ensino Médio, tem um
papel
fundamental na constituição da cidadania dos
estudantes
que o cursam.
Ao
mesmo
tempo, o projeto
desconsidera a experiência, a competência e toda
a pesquisa desenvolvida nas universidades públicas
brasileiras, financiadas pelos cofres públicos, e
não
leva em consideração o fato de haver, no
Estado de São Paulo, inúmeras
instituições
de ensino superior, tanto públicas quanto privadas, que
formam
professores de espanhol atendendo às exigências
legais
determinadas pelo MEC para esse fim. Vale lembrar que hoje, no Brasil,
um curso de licenciatura deve ser composto por um mínimo de
2800
horas, das quais somente 20% podem ser oferecidas na
modalidadesemipresencial. Além dessa exigência
quantitativa, também há uma série de
outras exigências que as
instituições de ensino devem atender para formar
professores, como por exemplo: a titulação do
corpo
docente, a produção acadêmica de
professores e
estudantes, a disposição de acervo
específico em
suas bibliotecas, etc.
Esta
atitude “apressada” – que
atende a um argumento de urgência que não se
sustenta
completamente e que não pode se sobrepor ao de qualidade
–
levada
a cabo pela SEESP contribui, ainda, para a
criação de
duas categorias de professores: a dos formados de acordo com as
exigências legais, em cursos
de 2800 horas, avaliadas constantemente pelo Poder Público,
e a
dos formados à distância, num curso de 600 horas
on-line,
operado por um Banco, representado pelo seu portal na Internet, e um
Instituto de Idiomas. A escola pública ficará
necessariamente com estes últimos. Aos seriamente formados,
em
grande parte graças ao dinheiro público, que
ainda
não atuam
na rede estadual restará trabalhar na escola privada, em
detrimento da
pública.
Pelos
motivos expostos anteriormente, nós, professores de
espanhol, de
diferentes níveis e modalidades de ensino, vinculados a
instituições públicas ou privadas,
manifestamos
nosso total desacordo em relação ao referido
projeto, que
afetaria sobremaneira a qualidade do ensino das escolas
públicas. Por isso, exigimos do poder público
que:
suspenda imediatamente o início desse curso; atenda
às
exigências legais
para a formação de professores de espanhol; abra
concurso
para contratação de
professores de espanhol para a rede oficial de ensino do Estado de
São Paulo; abra
concursos para professores de espanhol nas Universidades
Públicas, a fim
de ampliar o número de vagas nas
instituições que
já formam professores de
espanhol; sejam implantados novos cursos de
formação de
professores de espanhol
nas Universidades públicas que não oferecem essa
habilitação; sejam convocadas as entidades e
profissionais competentes para essa missão, a fim de
elaborarem
um projeto de formação de professores de espanhol
que
esteja de acordo com os parâmetros de qualidade
necessários e que atenda asexigências legais
estabelecidas
para a formação de professores para a rede
pública
e particular de ensino.
[1]
Consulta feita em 23/09/2006.
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